"Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito,
são suas obras completas."
Paulo LeminskiCrítica, por Fernando Albuquerque:
Se ovacionar Paulo Leminski (1944 — 1989) é um clichê, destratá-lo é das heresias, a pior de todas. Digna de condenação perpétua, sem direito ao purgatório. O curitibano, dono de poemas que reuniam em um mesmo arcabouço o concretismo de sua época e a rima que tanto fez falta aos grandes arautos daquela corrente, ganhou revisita com a publicação de Toda Poesia, pela Companhia das Letras.
A obra, que conta com apresentação de Alice Ruiz, revisita todas as poesias vociferadas por Leminski de Quarenta clics até Winterverno (título póstumo). Da primeira até a última folha, a alocação dos poemas é feita de forma cronológica, do primeiro ao último título, salvaguardando aqueles cuja publicação posterior poderiam parecer redundantes.
Assim, é possível traçar uma ampla visão sobre o crescimento do autor enquanto poeta, das suas ligações com os acontecimentos de cada época e, ainda, conjectuar, mesmo que de forma fria sobre os porquês de cada lançamento.É impossível não deixar de expor a boa organização da obra capitaneada pela Companhia das Letras, a assertividade das palavras de José Miguel Wisnik em “Nota sobre Leminski cancionista”, e o apêndice com textos de Haroldo de Campos, Caetano Veloso, Leyla Perrone Moisés, Alice Ruiz, Wilson Bueno e do próprio Paulo Leminski. Recomendado.